8 de nov. de 2005

Traquinagens Infantis

No fundo da beira de um rio, um lago se forma como um espelho deslumbrante e mágico. Vejo as montanhas refletidas, assim como o céu, o sol e nuvens brancas. Vejo milhares de rostos, todos meus.
Quem fui, quem sou, quem serei, quem poderia ter sido...
Mas a face mais bela é a que reflete um doce sorriso da minha meninice, toda lambuzada de roxo, debaixo da amoreira que havia na casa vizinha à do meu tio.
Tudo se resume nesse sorriso: a traquinagem de fugir para roubar aquela frutinha preta deliciosa (e que eu adoro até hoje), a satisfação da vontade saciada, e a doçura de ser criança e inocente.
Vi esse mesmo sorriso refletido não nesse espelho mágico da minha memória, mas no rosto de minha filha, que repetindo a traquinagem da mãe fugiu sozinha para o quintal para colher não amoras, mas acerolas. A felicidade estampada em seu rostinho por ter conseguido sua pequena independência, olhando para mim com a cara toda lambuzada e as mãozinhas tão cheias do fruto vermelho que chegavam a cair, me fez lembrar daquele distante dia de minha infância.
E eu corri para abraçá-la.

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