16 de abr. de 2008

O que fazemos para uma educação melhor

Fuçando na internet, encontrei esse artigo.
É para pensar...e agir.
Devo dizer que, graças a Deus, eu estou no grupo que para tudo e senta ao lado da filha para acompanhar a lição de casa e atividades de estudo e pesquisa.

Beijos a Todos.

A VOVÓ NA JANELA

Claudio de Moura Castro

"Cada sociedade tem a educação que quer. A nossa é péssima, antes de tudo, porque não fazemos a nossa parte".
* Em uma pesquisa internacional sobre aprendizado de leitura, os resultados da Coréia pareciam errados, pois eram excessivamente elevados.
* Despachou-se um emissário para visitar o país e checar a aplicação.
* Era isso mesmo.
* Mas, visitando uma escola, ele viu várias mulheres do lado de fora das janelas, espiando para dentro das salas de aula.
* Eram as avós dos alunos, vigiando os netos, para ver se estavam prestando atenção nas aulas.
* A obsessão nacional que leva as avós às janelas é a principal razão para os bons resultados da educação em países com etnias chinesas.
* A qualidade do ensino é um fator de êxito, mas, antes de tudo, é uma conseqüência da importância fatal atribuída pelos orientais à educação.
* Foi feito um estudo sobre níveis de stress de alunos, comparando americanos com japoneses.
* Verificou-se que os americanos com notas muito altas eram mais tensos, pois não são bem-vistos pelos colegas de escolas públicas.
* Já os estressados no Japão eram os estudantes com notas baixas, pela condenação dos pais e da sociedade.
* Pesquisadores americanos foram observar o funcionamento das casas de imigrantes orientais.
* Verificou-se que os pais, ao voltar para casa, passam a comandar as operações escolares.
* A mesa da sala transforma-se em área de estudo, à qual todos se sentam, sob seu controle estrito.
* Os que sabem inglês tentam ajudar os filhos.
* Os outros ? e os analfabetos ? apenas vigiam.
* Os pais não se permitem o luxo de outras atividades e abrem mão da TV.
* No Japão, é comum as mães estudarem as matérias dos filhos, para que possam ajudá-los em suas tarefas de casa.
* Fala-se do milagre educacional coreano. Mas fala-se pouco do esforço das famílias.
* Lá, como no Japão, os cursinhos preparatórios começam quase tão cedo quanto a escola.
* Os alunos mal saem da aula e têm de mergulhar no cursinho.
* O que gastam as famílias pagando professores particulares e cursinhos é o mesmo que gasta o governo para operar todo o sistema escolar público.
* Esses exemplos lançam algumas luzes sobre o sucesso dos países do Leste Asiático em matéria de educação.
* Mostram que tudo começa com o desvelo da família e com sua crença inabalável de que a educação é o segredo do sucesso.
* Países como Coréia, Cingapura e Taiwan não gastam muito mais do que nós em educação.
* A diferença está no empenho da família, que turbina o esforço dos filhos e força o governo a fazer sua parte.
* É curioso notar que os nipo-brasileiros são 0,5% da população de São Paulo.
* Mas ocupam 15% das vagas da USP.
* Não obstante, seus antepassados vieram para o Brasil praticamente analfabetos.
* Muitos pais brasileiros de classe média achincalham nossa educação. Mas seu esforço e sacrifício pessoal tendem a ser ínfimos.
* Quantos deixam de ver TV para assegurar-se de que seus pimpolhos estão estudando?
* Quantos conversam freqüentemente com os filhos?
* As pesquisas mostram que tais gestos têm impacto enorme sobre o desempenho dos filhos.
* Se a família é a primeira linha de educação e apoio à escola, que lições estamos dando às famílias mais pobres?
* O Ministério da Saúde da União Soviética reclamava contra o Ministério da Educação, pois julgava que o excesso de horas de estudo depois da escola e nos fins de semana estava comprometendo a saúde da juventude.
* Exatamente a mesma queixa foi feita na Suíça.
* No Brasil, uma pesquisa recente em escolas particulares de bom nível mostrou que os alunos do último ano do ensino médio disseram dedicar apenas uma hora por dia aos estudos ? além das aulas.
* Outra pesquisa indicou que os jovens assistem diariamente a quatro horas de TV.
* Esses são os alunos que dizem estar se preparando para vestibulares impossíveis.
* Cada sociedade tem a educação que quer.
* A nossa é péssima, antes de tudo, porque aceitamos passivamente que assim seja, além de não fazer nossa parte em casa.
* Não podemos culpar as famílias pobres, mas e a indiferença da classe média?
* Esta é uma boa hora para um exame de consciência.
* Estado, escola e professores têm sua dose de culpa.
* Mas não são os únicos merecendo puxões de orelha.
* Acreditamos mesmo na Educação?
* O que temos feito pela sua qualidade?
* Temos sido família para os nossos filhos e filhas?
* Precisamos ser pais, mães...
* Precisamos ser avós...
* Precisamos olhar da janela...