4 de dez. de 2005

Jogo de Cena



Acho engraçado ouvir-te dizer coisas banais,
Quando teus olhos me falam de amor.
Diverte-me ver-te disfarçar com pequenas desatenções
A atenção que me quer dispensar.
A cada não percebo o teu sim.
Por mais distante que tentes parecer,
Sempre encontras uma maneira de tocar-me
Ou dirigir-te a mim.
E assim segue a noite,
Como em uma peça teatral,
Até o instante de ficarmos à sós.
E nessa hora, como em uma marcação de cena,
Caem as máscaras;
E não mais evitas meu olhar.
Finalmente deixas fluir toda a paixão que preservaste
Dos indiscretos olhares
De estranhos que nos vigiavam.
E então abrimos as comportas da represa,
E permitimo-nos saciar a sede
Que nos torturou por toda a noite.
E quando novamente nos encontrarmos
Representaremos a mesma comédia,
Numa vã tentativa de disfarçar para o mundo
Nosso círculo vicioso de prazer.

Escrito em 17/05/2001

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